quinta-feira, 3 de março de 2016

"Suspension of disbelief "

No post anterior, chamou-se a atenção para o despropósito de uma cruz de Santo André ornamentada com LED. 
Aqui, vai-se mais longe, e essa modernice é usada para iluminação de rodapé de uma terrível câmara-de-torturas medieval! 
Enfim... Há gostos para tudo, mas isso equivale aos filmes de romanos em que se vêem figurantes com relógios de pulso, ou aos de dinossáurios com aviões a passar no céu. 
Está em causa um fenómeno chamado Suspension of disbelief (suspensão da descrença), fundamental em todas as obras de ficção: trata-se do pacto tácito entre autor e espectador (ou leitor) em que ambos sabem que nada daquilo é real, mas fazem de conta que sim. Nessa situação, o mínimo descuido da parte do autor (ou dos intérpretes) pode estragar tudo - é o caso, aqui referido até à saciedade, das terríveis dommes que preferem posar para a fotografia em vez de encarnarem a cena que estão a protagonizar - tornando claro, involuntariamente, que nada daquilo é a sério, mas apenas uma encenação, um faz-de-conta de BDSM.
Curiosamente, parece que ninguém liga nada a isso, o que só confirma que, em BDSM, o que importa é a realidade que o cérebro cria, e não a realidade-real. Sabemos todos que é assim... e ainda bem que assim é!

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