quarta-feira, 20 de abril de 2016

«O Livro Secreto de Domme Liz» - APRESENTAÇÃO

Liz Schwarzenwolf, domme e escritora que o mundo do BDSM conhece bem (não só pelas suas páginas, blogues e vídeos, mas também pelo seu livro Sem Toque), oferece-nos agora uma obra muito forte sobre esse tema, com algumas características muito específicas:

Antes de mais, há que esclarecer que não se trata de um romance, nem de uma novela, nem de uma colectânea de contos ou textos. Talvez possamos dizer que é um conto. Sim, um conto erótico, de 110 páginas, em que o assunto é o sadomasoquismo – e sadomasoquismo sem rodeios nem eufemismos -, escrito por quem conhece o tema “de diante para trás e de trás para diante”,  sabendo muito bem o que fazem, dizem e sentem as pessoas que, como ela, vivem essas práticas, profundamente e sem inibições.
Curiosamente, o facto de Liz viver o BDSM do lado da dominação, não a impede de conhecer a mente dos que estão do outro lado. E toda a obra é acerca desses dois lados, nem podendo ser de outra forma.

Depois, a obra não foi escrita apenas por ela, mas sim em co-autoria com um outro escritor – português –, este a coberto de um anonimato que pede que respeitemos e que, ao que tudo indica, não está menos familiarizado com o tema do livro, embora, como já se percebeu e se verá, esteja do outro lado.

Tudo, neste livro, está expurgado daquilo que aos autores pareceu acessório, numa economia de meios narrativos que permite que toda a energia da escrita se concentre no tema perturbador do sadomasoquismo - num crescendo que, começando numa amena conversa entre domme e sub, evolui até práticas de sadismo extremo, com torturas que fariam corar o próprio Marquês de Sade!
Assim, aqueles leitores para quem o BDSM se reduz a umas chicotadas ligeiras e a umas palmadinhas nas nádegas (tudo muito consensual, sempre), poderão ficar perturbados. Mas ainda bem, pois é exactamente isso que pretendem os autores do livro.

Reparar-se-á, ainda, numa coisa estranha: enquanto a domme a as suas duas escravas têm nome (Liz, Rubi e Esmeralda, respectivamente), ao sub nem sequer é reconhecido esse direito!  Em parte nenhuma do texto sabemos como  ele se chama (é sempre tratado por “Verme”, e até o nome Rosário, que aparece no fim, é-lhe atribuído como alcunha, e quase por sarcasmo!), nem tal lhe é perguntado - excepto quando, no final, se encontra internado numa sinistra clínica (e, mesmo assim, apenas por motivos burocráticos).

Finalmente, aquilo que talvez seja o mais inesperado:

Por acordo entre os autores, todo o texto está escrito em “português de Portugal” (e, por opção dele, numa ortografia anterior ao Acordo de 1990), incluindo substantivos, verbos, sintaxe – e tudo o mais que distingue essas duas versões da língua portuguesa.
Mas isso não acontece por acaso: o co-autor é de nacionalidade portuguesa, reside em Portugal, e ficou acordado que toda a trama decorreria algures no seu país.
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Aqui fica, pois, uma obra despretenciosa, mas que decerto agradará aos verdadeiros praticantes do BDSM. Se algum dia ela chegar a ver a luz do dia numa edição em papel, é bem provável que os seus detentores a guardem na prateleira onde alinham as obras de Sade e de Masoch. Pensamos que tal nada terá de injusto nem de exagerado.
Novembro de 2015
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NOTA: Para receber gratuitamente, em formato PDF, os 10 primeiros capítulos do livro, basta enviar um e-mail para servodeliz@gmail.com escrevendo em assunto a palavra Amostra. Na página do Facebook, isso poderá também ser feito em comentário ou pela inbox.

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